O Horizonte no Envelope: Evocando a Essência do Convite de Praia
Existe uma serenidade particular no horizonte do mar, uma sensação de paz e possibilidade que muitos casais desejam para o início de sua vida a dois. Meu trabalho, ao me especializar no convite de praia, foi traduzir essa sensação para o papel, um desafio especialmente interessante para quem está no coração de Minas Gerais. O objetivo nunca foi simplesmente usar clichês, mas capturar a alma de um casamento à beira-mar.
O maior desafio do serviço de convites de praia é a contenção. A tentação de usar ilustrações óbvias – conchas, estrelas-do-mar, coqueiros – é grande, mas o resultado pode facilmente parecer um folheto turístico. Aprendi essa lição da maneira mais difícil. Em um dos meus primeiros projetos do gênero, para um casamento em Trancoso, carreguei o design com todos esses elementos. A noiva, com uma delicadeza que jamais esquecerei, olhou para a prova e disse: “Está lindo, mas parece a loja de souvenirs do hotel. O nosso Trancoso é o fim de tarde, o pé na areia morna, a luz das velas no Quadrado”. Foi um insight transformador. Recomeçamos do zero. Descartei todas as ilustrações. Focamos na textura de um papel artesanal que lembrava areia fina, em uma paleta de cores retirada de uma foto do pôr do sol que eles amavam, e em uma fonte leve, que parecia dançar com a brisa. O resultado foi de uma elegância sutil e infinitamente mais pessoal.
Outra história memorável foi a de um casal de biólogos marinhos que se casaria em Fernando de Noronha. Eles queriam que o convite fosse sustentável e que, de alguma forma, homenageasse o ecossistema local. Após muita pesquisa, encontramos um fornecedor de papel semente que usava sementes de plantas nativas da restinga. O desafio foi a impressão, pois o papel era irregular e texturizado. Tivemos que usar uma prensa manual e ajustar a pressão para cada folha. Foi um trabalho lento, quase meditativo. A “confissão” aqui é que, em certo momento, achei que não seria possível garantir a qualidade. Mas a perseverança valeu a pena. A alegria do casal ao saber que seus convites poderiam, literalmente, florescer foi uma das maiores recompensas da minha carreira.
Meu estúdio, durante a criação de um convite de praia, tenta emular essa atmosfera. Abro as janelas para deixar o ar circular. Muitas vezes, trabalho ouvindo o som de ondas para entrar no clima. O ambiente cheira a papel e, por vezes, a cera de abelha, que usamos para selar alguns envelopes com um toque mais orgânico. As ferramentas são mais táteis: amostras de tecidos leves como linho, potes com areia de diferentes granulações para inspiração de texturas, e uma vasta coleção de paletas de cores com tons de azul, verde-água e coral. A sensação de um trabalho bem-feito é criar um objeto que parece leve, mesmo sendo feito de papel de alta gramatura. É a escolha de uma fonte que parece ter sido escrita pela brisa do mar. É ver o convidado sentir, mesmo em Belo Horizonte, um pouco da calma e da expectativa de um casamento que o espera no litoral.
Acredito que o futuro do convite de praia está na hiperpersonalização e na sustentabilidade. Usar elementos do local exato do casamento – seja a cor da areia, o formato de uma folha de uma árvore local ou uma ilustração sutil de uma formação rochosa – cria uma conexão muito mais profunda. Meu propósito é continuar a criar convites que sejam mais do que um mapa, mas sim o primeiro sopro da brisa do mar, o primeiro convite para tirar os sapatos e celebrar o amor de forma leve e genuína.