Em meu ofício, aprendi que a data de um casamento é muito mais do que uma coordenada no calendário. É o pilar sobre o qual toda a memória do evento será construída. É o primeiro detalhe que um convidado procura, o número que será circulado em agendas e gravado em alianças. Portanto, a forma como este elemento é tratado no convite não é uma questão de estética, mas de reverência. O meu trabalho consiste em dar a este número a dignidade e o destaque que ele representa.
A apresentação da data é um exercício de equilíbrio entre clareza e design. Um dos projetos mais tocantes que realizei foi para um casal que escolheu casar-se no mesmo dia do aniversário de 60 anos de casamento dos avós da noiva. A data não era apenas um dia, era um legado. Isto mudou toda a abordagem do design. Optámos por um estilo profundamente clássico, onde a data foi escrita por extenso – “Vinte e sete de Setembro de dois mil e vinte e cinco” – utilizando uma tipografia serifada e um relevo discreto. O design não estava apenas a informar; estava a contar uma história de continuidade, a homenagear uma tradição familiar. Foi um lembrete poderoso de que cada elemento do convite pode ser infundido com significado.
Contudo, a importância da data também a torna um ponto de vulnerabilidade crítica. A minha “confissão” mais stressante envolve um erro de digitação. Numa revisão final de um convite, já aprovado e pronto para impressão, eu próprio li a data e não percebi a falha. Era um “18” em vez de um “19”. Foi o cliente que, numa última olhada despretensiosa, apanhou o erro. O sangue gelou-me nas veias. Aquele momento de quase-desastre transformou o meu processo de trabalho. Hoje, tenho um sistema de revisão tripla, onde uma pessoa da equipa é designada para verificar exclusivamente os quatro pontos de informação vitais: nomes, data, horário e local. A informação é lida em voz alta, para a frente e para trás. Pode parecer excessivo, mas a tranquilidade de saber que a âncora do evento está correta é inegociável.
O tratamento da data no ateliê é um momento de foco. O som é, muitas vezes, o da leitura em voz alta durante a prova de revisão. A sensação tátil de um número impresso em letterpress, a sua leve depressão no papel, confere-lhe um peso e uma permanência que a impressão digital não consegue replicar. Visualmente, o desafio é integrar a data de forma harmoniosa. Deve ser imediatamente localizável, mas sem sobrecarregar o design. É uma dança de hierarquia, onde o tamanho, a cor e o espaçamento determinam a sua proeminência.
O futuro da apresentação da data pode envolver integrações subtis, como o uso de calendários gráficos ou cronologias visuais na papelaria. Contudo, a sua essência permanecerá a mesma: ser um ponto de referência claro e belo. O meu objetivo é assegurar que este elemento fundamental seja tratado com a precisão de um engenheiro e a sensibilidade de um artista. Se desejam que a data do vosso casamento seja apresentada não como um mero dado, mas como a pedra angular do vosso anúncio,